Betóva, o ano da cachorra
365 fragmentos esboçam o panorama temporal de uma casa, onde o fio condutor é o primeiro ano de vida da cadela Betóva.
Tema: COMPORTAMENTO
Tags: ano da cachorra, cachorra, casa, rotina
FICHA TÉCNICA
País: Brasil
Duração: 15:00'
Diretor: Alan Langdon
Produtor: Alan Langdon
Ano: 2010
Formato: MINIDV
Montagem: Alan Langdon
Som Direto: Alan Langdon
Fotografia: Alan Langdon
Trilha: L.V. Beethoven
Prêmios:
FAÇA – 2012: Menção Honrosa para Proposta de Montagem
Festivais:
21º Festival de Curtas-Metragens de São Paulo – 2010
Mostra do Filme Livre – Rio/2011
FAÇA – 2012
Comentário do Diretor: “O projeto O Ano da Cachorra surgiu em 26 de maio de 2003. Eu havia recém mudado de volta para a casa onde passei a juventude, em Florianópolis, após 7 anos nos EUA. Em retrospecto, acho que estava inconscientemente à procura de uma “âncora viva”, uma companhia que marcasse minha volta como definitiva. Então surgiu a Betóva. Eu estava caminhando para casa numa noite de chuva, havia pego meu videocassete no conserto. No campus da universidade deparei com dois moleques do morro com duas filhotes, uma preta com luvas brancas e uma cor marrom claro. “É pitbull, tio leva!” disseram, animados. Mas eu não queria uma cachorra agressiva, expliquei. “Mas é mansinha, o veterinário disse!” foi a resposta dos meninos, que provavelmente saíram para doar os cães por ordem dos pais dizendo “O quê? Outra boca pra alimentar?!” Pensei em pegar a clarinha, mas a pretinha se aninhou comigo e era tão meiga que decidi levá-la. Perguntei qual era o nome dela e um dos meninos disse “É Beethoven... ah, é cadela: Betóva!” Voltei pelas quadras esportivas da universidade, a Betóva se equilibrando em cima do videocassete e debaixo do guarda-chuva. A ideia inicial era registrar diariamente a cadela em vídeo, para uma montagem cronológica. Então fui registrando pequenos momentos dela nos arredores da casa, diariamente. Um ano depois, parei de gravar. Passei os próximos 6 anos montando o material captado, gerando 365 micro-episódios (2004 foi um ano bi-sexto), episódios que variam entre 5 segundos e 5 minutos, num total de 4 horas. Na montagem justapus as repetições rítmicas da vida doméstica com as particularidades internas de cada dia. Ora simples meditações acerca do ócio, ora registros de momentos significativos, os episódios acumulam num vasto retrato daquele ano na casa, onde a Betóva é o fio condutor. Chegam outros cães, amigos, uma namorada, um inquilino com o mesmo nome que eu... a cadela acaba alternando entre personagem principal e pano de fundo para o pulsar vital na casa. As vezes com um certo senso de humor (auto) reflexivo, a montagem de cada episódio seguiu intuições e impulsos momentâneos, inspirada na memória trazida pelas imagens captadas anos antes. Esses episódios viraram matéria prima para diferentes explorações audiovisuais, uma sendo o site www.Betova.tv com atualizações diárias onde visitantes podem ver o que acontecia com Betóva naquele ano. O curta-metragem Betóva, o ano da cachorra também saiu desse material, constituindo uma sequência cronológica em fragmentos ao som de uma sonata de Beethoven. Outros afluentes envolvem o conceito de hypervideo / interatividade, como o dvd O Ano da Cachorra, onde o usuário interage com os episódios na íntegra através de uma interface de calendário. Numa outra encarnação, voltada a exposições de arte e galerias, o material cronológico na íntegra é exibido “single-channel “ em monitores / projetores de galerias e espaços de exibição, num vasto panorama do ano que dura quatro horas em loop contínuo. O público presencia um fragmento - dependendo da duração da permanência - levando para casa uma experiência voyeurística pessoal, um recorte temporal da vida na casa naquele ano.”
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