CurtaDoc chega à terceira temporada e abre as fronteiras para a América Latina

postado em 22/04/2014


Programa brasileiro destinado a fomentar a cultura do documentário na televisão vai exibir 147 curtas-metragens de 13 países

As lentes dos documentaristas nos proporcionam um mergulho em recortes da realidade: seja de um país, uma cultura, comunidade ou mesmo de um único personagem. O programa CurtaDoc, produzido pela Contraponto, de Florianópolis (SC), é o primeiro da televisão brasileira que reúne realidades latino-americanas em curtas-metragens e propõe um diálogo sobre histórias tão particulares reveladas pelos cineastas. Na próxima terça-feria, 22 de abril, estreia a terceira temporada da série exibida pelo SescTV, e agora com novidades. Pela primeira vez foram selecionados documentários de toda América Latina e, para ter um alcance ainda maior e democrático, os episódios terão estreia também pela internet no canal do SescTV.

Em 52 programas inéditos da terceira temporada o telespectador poderá assistir a 147 curtas-metragens realizados no Brasil, Argentina, Chile, Cuba, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Cada programa tem 54 minutos, com a exibição de dois a cinco documentários, reunidos por um tema, além da participação especial de um convidado, mais entrevistas com diretores dos filmes.

O episódio de estreia é LUTA NO CAMPO, com o crítico de cinema Amílcar Nochetti, do Uruguai, como convidado. Ele é um dos fundadores da Asociación de Críticos del Cine del Uruguay e foi entrevistado no país vizinho, onde a equipe do CurtaDoc participou do festival DocMontevideo e iniciou a produção desta temporada por alguns cantos da América Latina. LUTA NO CAMPO apresenta os documentários Toda esta sangre en el monte, de Martín Céspedes (22’11″, 2012, Argentina) eTrombas e formoso: memórias de uma luta, de Gabriela Marques Gonçalves (18’54”, 2010, Goiás, Brasil). Para o crítico uruguaio Nochetti, os curtas provocam reflexão sobre o paradoxo que existe na palavra “civilização”, já que “os que vêm civilizar, vêm com capangas que terminam matando gente para ver se matando algumas pessoas, os demais vão embora”, explica. “Parece que não poderia existir civilização sem barbárie”, completa.

A equipe do CurtaDoc visitou estados brasileiros e percorreu cinco países latino-americanos para estreitar laços, formar parcerias e produzir as entrevistas para o programa de TV com realizadores, críticos de cinema, pesquisadores e profissionais do audiovisual. Esse material produzido em cinco anos do CurtaDoc no SescTV reúne hoje mais de 500 entrevistados. Muitas dessas conversas estão também no portal www.curtadoc.tv: “Nossa plataforma na internet é hoje o nosso patrimônio, formado com a parceria de todos os realizadores que têm seus filmes em nosso acervo, hoje com mais de 1100 documentários completos. Já buscávamos um diálogo e uma interação com os produtores da América Latina e essa terceira temporada vem para consolidar uma discussão maior sobre a produção de documentários no continente”, diz Kátia Klock, diretora do programa e também documentarista. Todo o projeto do programa foi idealizado para abrir janelas aos realizadores de documentários em formato curta-metragem.

Intercâmbio cultural

Durante cinco meses a equipe do CurtaDoc gravou entrevistas com 52 convidados de seis países. Entre os cineastas brasileiros estão Joel Pizzini, Rodrigo Grota, Ricardo Dias, a documentarista Tatiana Toffoli e o crítico de cinema Rodrigo Fonseca. Já no Chile, Kátia Klock encontrou a parceira do CurtaDoc e diretora do ChileDoc, a cineasta Paola Castillo, os documentarista Maite Alberdi e Hans Mülchi Bremer, além do crítico Pablo Corro, entre outros. Mario Levit, Tomás Lipgot, Marcia Paradiso foram alguns dos entrevistados na Argentina. A Escuela de Cine y TV de San Antonio de los Baños (EICTV) de Cuba, também é uma das parceiras do CurtaDoc. Na viagem para Cuba, a equipe do programa conversou com vários profissionais do cinema, como Zita Morriña, produtora do Festival del Nuevo Cine Latinoamericano de Habana, e professores da EICTV, como María Julia Grillo e Irene Gutiérrez.

A diretora do CurtaDoc conta que um dos destaques desta edição é o programa dedicado à Colômbia, com dois curtas-metragens de Marta Rodriguez, um dos nomes mais importantes do cine-documental do país. A equipe entrevistou Marta na viagem para a Colômbia e este episódio tem a análise do diretor do IELA – Instituto de Estudos Latino-americanos, Nildo Ouriques.

A temporada ainda vai trazer episódios temáticos sobre música, arte urbana, animais, adoção, indígenas, conflitos políticos, futebol, entre outros. Os curtas são selecionados por uma equipe de curadores e o documentário mais antigo desta edição é da década de 1980. Resgatar filmes e deixá-los disponíveis para um público sem fronteiras é uma das grandes metas dos produtores do CurtaDoc, que estão em busca de parceiros na América Latina para que cada vez mais as vozes dos realizadores quebrem os limites territoriais.

CurtaDoc em números

● Desde 2009 no SescTV, a série semanal já exibiu 300 filmes em 89 episódios, revelando uma seleção representativa do documentário brasileiro.
● O CurtaDoc é também o primeiro catálogo na internet dedicado exclusivamente ao documentário latino-americano. Atualmente é o maior acervo de documentários em curta-metragem, com 1180 filmes, que podem ser assistidos na íntegra e de graça na plataforma.
● O acervo tem como objetivo estimular a discussão sobre o documentário e o espaço de exibição, potencializando o acesso aos filmes.
● Nesses cinco anos do projeto CurtaDoc foram entrevistados mais de 500 profissionais, entre realizadores, produtores, fotógrafos, montadores, críticos e professores.
● A 3ª temporada recebeu a inscrição de 650 documentários.

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